Brasília viveu uma quinta-feira de tempestade. O dia foi marcado por reuniões, trocas de acusações e tentativas de impedir na Justiça o andamento do pedido de impeachment de Dilma. Tanto governo quanto oposição se dividiram em várias frentes. O dia começou com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), rebatendo as críticas de Dilma, que afirmou que não tinha dinheiro não declarado e não fazia chantagem política.
A presidente mentiu à nação ao dizer que o seu governo não autorizou qualquer barganha _ acusou Cunha, afirmando que Dilma negociava para que o PT votasse a favor da manutenção do mandato dele em troca de o Congresso aprovar a CPMF.
O Planalto negou, mas André Moura (PSC-SE), que participou das negociações, afirmou que Cunha falou a verdade. Na tarde de quinta-feira, Cunha leu no plenário seu relatório, comunicando o início do trâmite para o processo de impeachment. Ele alegou que o motivo são os empréstimos feitos pelo governo com bancos para pagar as contas públicas, o que é proibido.
Líderes das siglas já se articulam para definir os 65 nomes da comissão especial que analisará o pedido e será instaurada na terça. O governo tenta convencer partidos aliados a votarem contra o impeachment.
As informações são de que o Planalto fará o possível para tentar barrar o caso já na comissão, pois se for aprovado por ela e o pedido for votado em plenário, há grande temor de que o governo não tenha os 172 votos necessários para impedir abertura do processo de impeachment, que resultaria no afastamento temporário de Dilma, em que Temer assumiria.
Apesar de Dilma ter maioria na Casa, com 300 deputados, só o PT (70 deputados) e o PC do B (com 10) seriam mesmo fiéis a ela PMDB (66), PSD (34), PP (36), PR (34), PRB (21), PDT (19) e PROS (11) poderiam se dividir ou ir contra.
Dilma teve uma conversa rápida com o vice, Michel Temer (PMDB), e há duas versões. Governistas dizem que Temer teria mostrado solidariedade, já o PMDB fala que o vice só teria aconselhado Dilma a não entrar em bate-bocas com Cunha. Temer também estaria sendo pressionado a falar a favor de Dilma, mas não se pronunciou ontem.
Do lado governista, Paulo Pimenta e mais dois deputados petistas ingressaram com mandado de segurança no STF para tentar barrar o caso, mas quando ele foi distribuído ao ministro Gilmar Mendes, retiraram o pedido. Mas o PC do B manteve seu mandado e uma ação no STF, alegando que Cunha não permitiu que Dilma se defendesse.
Governadores de nove Estados do Nordeste emitiram nota em apoio a Dilma. Protestos contra e a favor já são organizados.
Me sinto indignado com o que estão fazendo com o país disse Lula.
Dilma e o PT plantaram o que estão colhendo agora. Alimentaram Cunha, deram poder ao PMDB, traíram suas próprias promessas eleitorais disse Luciana Genro (PSol).
O mercado reagiu bem ao pedido de impeachment. A Bovespa subiu 3,29%, e o dólar caiu 2,24%.
Deputados do PT reapresentarão pedido no STF
Os deputados do PT pretendem reapresentar no Supremo Tribunal Federal (STF) o mandado de segurança que foi protocolado e retirado após o caso ter sido distribuído por sorteio ao ministro Gilmar Mendes. O vice-líder do governo, Paulo Teixeira (PT-SP), um dos autores do mandado de segurança, explicou que o objetivo é atualizar o pedido com as declarações desta quinta-feira do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mais cedo, no decorrer do dia, Cunha acusou o governo de tentar barganhar a aprovação da CPMF em troca de votos favoráveis a ele no Conselho de Ética.
Confira, abaixo, o que pensam as representações da cidade e também os vereadores do Legislativo local:
A REPERCUSSÃO NA CIDADE
"Qualquer coisa que se diga é chute. Ninguém sabe o que vai acontecer. Do jeito que estava, não podia continuar. O país está atrasado. Olha"